sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O trabalho de poucos que traz benefícios para muitos.

  LAURA DE LAS CASAS
  3º PERÍODO.  
    
Há cerca de seis anos, em uma assembleia no Aglomerado da Serra, Região Sul de Belo Horizonte, foi sugerida a ideia de transformar um antigo terreno da prefeitura em uma horta
comunitária. Na época, o grupo de 12 pessoas pediu o aval da administração municipal para utilizar a área, e, por meio de um documento, o terreno foi liberado. "A gente entrou aqui, roçou, arrancou os tocos, adubou e plantou", conta Durvalino Quaresma, 65 anos, aposentado que é um dos poucos integrantes do grupo que participa da horta até hoje.
     
A ideia de transformar o espaço vazio em uma área de plantação não teve a contribuição de todos os participantes do grupo por muito tempo, mas mesmo com a desistência de boa parte dos integrantes, a horta continua existindo com grandes mudas de diversas verduras, como taioba, inhame, mandioca, almerão, laruta, couve, alface, tomate, limão, maracujina, erva cidreira, entre outras. O aposentado afirma que os moradores do Aglomerado procuram a horta diariamente para comprar as verduras, que são vendidas por um preço muito mais barato. Por 60 centavos, é possível deixar a horta com uma grande muda de alface. "Quando tem muita verdura, nós pegamos um carrinho e saimos pela rua vendendo elas", diz Durvalino.



Rosemaire Gomes da Silva, 43 anos, que trabalha na cooperativa de bordados da comunidade, dá total preferência aos produtos plantados na horta. "Além de gostoso e mais barato é mais saudável, pois temos a garantia de que nenhum agrotoxico é usado nesse trabalho. Eu indico pra todo mundo, minha mãe inclusive,
depois que eu falei pra ela parar de comprar no sacolão e comprar na horta comunitária, ela não quer saber de outra coisa", afirma a bordadeira. Os lucros com a venda das verduras são usados para a manutenção da mesma, comprando adubo, instrumentos de plantio e sementes novas. Durvalino afirma que esse foi um dos motivos para muitos moradores pararem de trabalhar com o plantio. "As pessoas têm que ganhar dinheiro para se sustentar, aqui não dá lucro nenhum, quase, então isso levou muita gente a pular fora. Eu fico triste, mas entendo, as pessoas não têm culpa", conta o aposentado.

  Durvalino conta que todos os dias levanta às 6h para se dedicar aos trabalhos na horta, e de lá só sai na hora do almoço. Quando não chove a tarde, volta para trabalhar mais. Para ele, ver a terra totalmente plantada e dando frutos é motivo de muito orgulho. Outro integrante da horta comunitária é o pintor José Timótio Severiano, 66 anos, que trabalha com o plantio todos os sábados. "Toda vida gostei de plantar, faço isso por prazer", conta Timótio. Ele ressalta a importância de terem conseguido a autorização da prefeitura para tomarem conta do lugar. "Não gostamos de fazer nada escondido. Plantamos com a certeza de não estar fazendo nada errado", afirma o pintor. Para ele, o fato de terem poucos integrantes atualmente na horta não atrapalha. "Desde que tenha uma pessoa pra cuidar, já está valendo, ela nos dá muita alegria", acrescenta o pintor.